SOBRE O AUTOR
Jim Woodring nasceu em Los Angeles em 1952 e teve uma infância animada por uma variedade de peculiaridades mentais e psicológicas, incluindo paroniria (frequência de sonhos mórbidos e pesadelos), paranoia, transtornos auditivos, aparições, alucinações e outras espécies de mau funcionamento psicológico e neurológico, entre as cobras e tarântulas nas montanhas de San Gabriel. Ele acabou se tornando um homem curioso, parecido com um urso, que desfrutou de três carreiras emocionantes: coletor de lixo, operador de carrossel e quadrinista. Artista autodidata, seus primeiros trabalhos publicados documentaram o inferno desorientador de seus dias em um “diário ilustrado” chamado JIM, reunidos em The Book of Jim (1992). Ele é mais conhecido por sua série de quadrinhos sem palavras que retrata as loucuras de seu personagem Frank, um ser antropomorfo cujas aventuras variam entre a doçura e o horror. Uma década dessas histórias foi coletada em The Frank Book (2004). A história de Frank intitulada Weathercraft (2010) ganhou o prêmio The Stranger’s Genius e foi finalista do Los Angeles Times Book Prize e foi seguida por Congress of the Animals (2011), Fran (2013), e Poochytown (2018), sua primeira obra publicada no Brasil. Sua obra mais recente é One Beautiful Spring Day (2022). Ele mora na ilha de Vashon, no estado de Washington, EUA, com sua família. Saiba mais em jimwoodring.com.
O universo onírico e surreal de um dos maiores quadrinistas de sua geração
As fábulas hipnóticas de Jim Woodring têm deslumbrado leitores em todo o mundo desde os anos 1980. Frank, um dos seus personagens mais recorrentes, é um animal antropomorfo indefinido, dentuço, ingênuo, mas não inocente. Entre suas inspirações, estão as primeiras animações que surgiram nas décadas de 1920 e 1930 nos Estados Unidos, sobretudo o trabalho dos irmãos Fleischer, criadores de Bimbo, de 1931, parceiro de Betty Boop em suas aventuras. Como aponta o quadrinista, “ele foi uma das coisas que estabeleceram as bases de minha filosofia da vida”.
Além de Bimbo, as influências para esse ser divertido e por vezes bizarro vão desde o movimento Dada e o Surrealismo a nomes como Salvador Dalí, passando pelas ilustrações biológicas de Ernst Haeckel, antigas xilogravuras europeias, Walt Disney, Looney Tunes, e dialogando com seus contemporâneos, como o ícone dos quadrinhos underground Robert Crumb. Suas histórias, geralmente sem texto, apresentam uma narrativa pouco comum, em uma atmosfera e ambientes recorrentes, inspirados na natureza e em cenários construídos pelo homem.
Nos anos 1990, Woodring começou a compilar as histórias de Frank e sua turma, e desde então o universo onírico e surreal do personagem vem conquistando cada vez mais fãs e devotos, e inspirando inúmeros artistas, entre eles nomes como o diretor Francis Ford Coppola, os escritores Neil Gaiman e Alan Moore, e o criador de Os Simpsons, Matt Groening. Para Coppola, “Frank é uma criação tão estranha que eu mal sei como descrevê-lo. Sem palavras, atemporal e sem um lugar definido, repleto de personagens e experiências originais, ele existe em suas peculiares e bizarras condições. As histórias de Frank pertencem ao universo fantástico dos mitos antigos e dos contos populares. Assim como as alegorias heroicas que perduram até hoje, as desconcertantes aventuras de Frank em geral parecem tortuosas e dissimuladas; e ainda assim sentimos um senso sutil de determinação. O trabalho de Woodring ilumina esse mundo escondido e nos convida a examiná-lo minuciosamente”.